Marisa Kingica
(Angola, 1992)
Sobre a sua obra
O trabalho de Marisa Kingica não se tem circunscrito a uma única disciplina artística. A performance, a pintura e a fotografia fazem parte de uma poética que recupera heranças fragmentadas pelos processos coloniais, civilizacionais e etno-sociais. Ela vai ao encontro da sua ancestralidade, aventura-se a compreender os seus significados, a revitalizar os seus saberes. Valoriza o legado da sua comunidade Ubuntu, a convivialidade como uma capacidade inclusiva de se relacionar com o outro, uma forma de ser e de estar juntos. Deste modo, actualiza os imaginários de pertença, propõe uma espiritualidade comum aberta à pluralidade e à escuta do Outro.
Dentro do corpus da tradição que resgata, desenvolve também um lugar próprio. Através da sua arte, assume um papel ativo no seu ambiente. A partir da sua identidade feminina e da sua posição geracional, ela reconecta-se com a sua herança cultural, visualiza as histórias das mulheres que sustentam a vida da sua sociedade, questiona comportamentos que as marginalizam e rompe com padrões de discriminação.
Utiliza a cor de forma expressiva para realçar os traços do património simbólico que a rodeia. Trabalha com a iconografia comunal para captar a profundidade do seu mistério, para condensar a sua profundidade ritual. Desta forma, a sua obra parece tocar a figuração abstrata, onde o tratamento plástico confere emoção e força comunicativa às composições. Experimenta também com materiais que retira do quotidiano, de modo a imprimir uma abordagem contemporânea, bem como a aproximar a superfície pictórica da realidade que a circunscreve. O seu trabalho é heterodoxo e não convencional, opta por linguagens menos comuns no seu meio e por envolver o espetador, convidando-o a problematizar e a debater.
Trayectoria (resumido)
Licenciada em Artes Visuais pelo Instituto Superior de Artes, ISART, frequentou o Mestrado em Gestão de Projectos Culturais na FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA IBEROAMERICANA “FUNIBER”.
As suas obras têm sido expostas em galerias como: Camões Angola Cooperação Cultura e Língua, Instituto Guimarães Rosa, Skay Galery “ESCOM”, Fundação Arte e Cultura, Siexpo, CCBA, Casa Museu Óscar Ribas, Museu Militar, Kafukolo 5, entre outras.
Foi membro dos colectivos Artes Resiliart Angola, Jovens Artistas de Angola (YAANG), Jovens Artistas do Futuro Angola (JAA). O seu trabalho integrou a exposição colectiva “Caminhos Cruzados” com a artista Ximena Mesu na Fundação Arte e Cultura. Participou na XI Bienal da CPLP em 2019, Homenageada como artista do Município do Cazenga pela Administração do Cazenga em 2021. Participou também na Bienal de Luanda em 2021 e no Fórum Pan-Africano para a Cultura de Paz (Resiliarte Angola).
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Lianet Martínez "Prótesis", 2012, aço forjado, conformado e reciclado
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Yoxi Velázquez "El despegue", 2011, performance, 120 min